Os conflitos agrários e o processo de reordenamento fundiário na região sudeste do Pará: uma proposta de abordagem a partir da sociologia dos regimes de ação
Palabras clave:
Conflitos agrários, Agricultura familiar, Regimes de açãoResumen
Os conflitos agrários vêm recrudescendo e se tornando cada vez mais frequentes no meio rural da região sudeste do Pará, marcada por uma intensa concentração fundiária e pela ação de movimentos sociais ligados aos agricultores familiares. Nesse contexto, as constantes pressões dos movimentos sociais terminaram por fazer com que o Estado passasse a ter uma atuação mais direta na região a partir da década de 1990, por meio de políticas públicas direcionadas, em especial, para permitir o acesso à terra para a agricultura de base familiar, causando rápidas e intensas transformações no ordenamento fundiário e na configura- ção socioeconômica local. Essas mudanças podem ser abordadas a partir do seu caráter microssociológico, mediante uma postura que dê atenção também à análise das formas de ação dos atores locais com base em seus próprios referenciais. Para isso, propõe-se a utilização dos conjuntos conceituais desenvolvidos pela abordagem da sociologia dos regimes de ação. Dessa forma, o interesse é centrar o foco de discussão nos regimes de ação denominados “disputas violentas” e “disputas por justiça”, que se acredita serem os principais condutores das práticas dos atores sociais nos conflitos agrários na região estudada.
Descargas
Referencias
ABRAMOVAY, R. Paradigmas do capitalismo agrário em questão. São Paulo: Unicamp; Hucitec, 1992.
ABREU, M. H. MPF quer um basta ao desmate nos assentamentos do sudeste do Pará. Portal EcoDebate, 16 dez. 2008. Disponível em: . Acesso em: 25 jul. 2009.
ALBALADEJO, C.; VEIGA, I. Condições e limites da gestão concertada dos recursos naturais a nível local: reflexões sobre um projeto de manejo florestal na Amazônia Oriental. Agricultura familiar, pesquisa, formação e desenvolvimento, Belém, n. 3, p. 173-208, 2002.
BENÁTOUÏL, T. Critique et pragmatique en sociologie: quelques príncipes de lecture. Annales Histoire, Sciences Sociales, Paris, n. 2, p. 281-317, 1999.
BOLTANSKI, L. L’amour et la justice comme compétences: trois essais de sociologie de l’action. Paris: Métailié, 1990.
BOLTANSKI, L.; CHIAPELLO, È. Le nouvel esprit du capitalisme. Paris: Gallimard, 1999.
BOLTANSKI, L.; DARRÉ, Y.; SCHILTZ, M. A. La dénonciation. Actes de la Recherche en Sciences Sociales, Paris, n. 51, p. 3-40, 1984.
BOLTANSKI, L.; THÉVENOT, L. De la justification: les économies de la grandeur. Paris: Gallimard, 1991.
COMISSÃO PASTORAL DA TERRA. Violência no campo: a luta pela terra no sul e sudeste do Pará no ano 2000. Marabá: CPT, 2000.
CORCUFF, P. Justification, stratégie et compassion: apport de la sociologie des régimes d’action. Correspondances, Túnis, n. 51, p. 1-9, jun. 1998.
CORCUFF, P. As novas sociologias: construções da realidade social. Bauru: EDUSC, 2001.
DE BLIC, D. La sociologie politique et morale de Luc Boltanski. Raisons Politiques, Paris, n. 03, p. 149-158, 2000.
DE REYNAL, V. Agricultures en front pionnier amazonien, región de Marabá (Pará, Brésil). 1999. Thèse de doctorat. Chaire de Développement Agricole et Agriculture Comparée, Institut National de Agronomie de Paris-Grignon, Paris, 1999.
DE REYNAL, V.; MUCHAGATA, M. G.; TOPALL, O.; HÉBETTE, J. Agriculturas familiares e desenvolvimento em frente pioneira amazônica. Poin-te-à-Pitre: GRET / DAT / UAG, 1995.
DODIER, N. Agir em diversos mundos. In: CARVALHO, M. C. B. (Org.). Teorias da ação em debate. São Paulo: Cortez: FAPESP: PUC-SP, 1993.
EMMI, M. F. A oligarquia do Tocantins e o domínio dos castanhais. Belém: EDUFPA, 1998.
FEARNSIDE, P. M. A floresta vai acabar? Ciência Hoje, Rio de Janeiro, n. 10, p. 44-52, jan./fev. 1984.
FEDERAÇÃO DOS TRABALHADORES NA AGRICULTURA DO ESTADO DO PARÁ. Evolução do número de associações e sócios na área de atuação da FETAGRI Regional Sudeste. Marabá: FETAGRI, 2004.
FERNANDES, B. M. A judiciarização da luta pela reforma agrária. In: TAVARES DOS SANTOS, J. V. (Org.). Violência em tempo de globalização. São Paulo: Hucitec, 1999.
FREIRE, J. Sensos do justo e problemas públicos em Nova Iguaçu. 2006. Tese. Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Ciência Política, Instituto Universitário de Pesquisa do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2006.
GUERRA, G. A. D. O posseiro da fronteira: campesinato e sindicalismo no sudeste paraense. Belém: UFPA / NAEA, 2001.
HÉBETTE, J. A luta sindical em resposta às agressões dos grandes projetos. In: HÉBETTE, J. (Org.). O cerco está se fechando. Petrópolis; Rio de Janeiro; Belém: Vozes; FASE; UFPA / NEA, 1991.
HÉBETTE, J.; MOREIRA, E. S. A marcha do campo rumo à cidadania: domínio da terra e estrutura social no Pará. In: HÉBETTE, J. Cruzando a fronteira: 30 anos de estudo do campesinato na Amazônia. v. 4. Belém: EDUFPA, 2004.
HOMMA, A. K. O. Cronologia da ocupação e destruição dos castanhais no sudeste paraense. Belém: Embrapa Amazônia Oriental, 2000.
IANNI, O. A luta pela terra: história social da terra e da luta pela terra numaárea da Amazônia. Petrópolis: Vozes, 1978.
IANNI, O. Colonização e contra-reforma agrária na Amazônia. Petrópolis: Vozes, 1979.
IZQUIERDO, A. J. Consultores en crítica política: notas sobre la sociología “post-etnometodológica” de Luc Boltanski. Empiria, Madrid, n. 5, p. 145-172, 2002.
JUHEM, P. Un nouveau paradigme sociologique? À propos du modèle des économies de la grandeur de Luc Boltanski et Laurent Thévenot. Scalpel, Nanterre, v.1, p. 1-21, 1994.
LABORATÓRIO SOCIOAGRONÔMICO DO TOCANTINS. Consolidação da agricultura familiar na fronteira agrícola. Marabá: LASAT, 2004.
LEITE, S.; HEREDIA, B.; MEDEIROS, L.; PALMEIRA, M.; CINTRÃO, R. Impactos dos assentamentos: um estudo sobre o meio rural brasileiro. São Paulo: Editora da UNESP, 2004.
MARTINS, J. S. Expropriação e violência: a questão política no campo. São Paulo: Hucitec, 1980.
MARTINS, J. S. Os camponeses e a política no Brasil: as lutas sociais no campo e seu papel no processo político. Petrópolis: Vozes, 1981.
MICHELOTTI, F.; RIBEIRO, B.; FLORÊNCIO, S. R. A reexistência camponesa na construção do território do sudeste paraense (1995-2004). In: MONTEIRO, D. M.; MONTEIRO, M. A. (Orgs.). Desafios na Amazônia: uma nova Assistência Técnica e Extensão Rural. Belém: UFPA / NAEA, 2006.
MIRANDA NETO, M. J. O enigma Amazônia: desafio ao futuro. Belém: CEJUP, 1991.
MUSUMECI, L. O mito da terra liberta: colonização “espontânea”, campesinato e patronagem na Amazônia Oriental. São Paulo: Vértice; ANPOCS, 1988.
OLIVEIRA, M. C. C.; VEIGA, I.; MASTOP-LIMA, L.; TAVARES, F. B. Políticas de apoio à agricultura familiar e evolução do sistema agrário no sudeste do Pará. In: MOTA, D. M.; SCHMITZ, H.; VASCONCELOS, H. E. M. (Orgs.). Agricultura familiar e abordagem sistêmica. Aracaju: Sociedade Brasileira de Sistemas de Produção, 2005.
SAMPAIO, S. M. N.; WATRIN, O. S.; VENTURIERI, A. Dinâmica da cobertura vegetal e do uso da terra do “Polígono dos Castanhais” no sudeste paraense. Belém: Embrapa Amazônia Oriental, 2000.
SCHMIDT, B. V.; MARINHO, D. N. C.; ROSA, S. L. C. Terra dos assentados: considerações sobre a política de reforma agrária. In: SOBRAL, F. A. F.; PORTO, M. S. G. (Orgs.). A contemporaneidade brasileira: dilemas e desafios para a imaginação sociológica. Santa Cruz do Sul: EDUNISC, 2001.
TAVARES DOS SANTOS, J. V. Introdução. Por uma sociologia da conflitualidade no tempo da globalização. In: TAVARES DOS SANTOS, J. V. (Org.). Violência em tempo de globalização. São Paulo: Hucitec, 1999.
TAVARES DOS SANTOS, J. V. Conflitos agrários e violência no Brasil: agentes sociais, lutas pela terra e reforma agrária. In: SOBRAL, F. A. F.; PORTO, M. S. G. (Orgs.). A contemporaneidade brasileira: dilemas e desafios para a imaginação sociológica. Santa Cruz do Sul: EDUNISC, 2001.
TAVARES DOS SANTOS, J. V. Conflitos agrários: lutas e corpos na terra. In: LIMA, R. S.; PAULA, L. (Orgs.). Segurança pública e violência: o Estado está cumprindo o seu papel? São Paulo: Contexto, 2006.
THÉVENOT, L. L’action qui convient. In: PHARO, P.; QUÉRÉ, L. (Ed.). Les formes de l’action: sémantique et sociologie. Paris: EHESS, 1990.
THÉVENOT, L. L’action au pluriel: architetures des communauté et de personnalités. In: REUNIÃO DE ANTROPOLOGIA DO MERCOSUL, 7, Porto Alegre. Anais...Porto Alegre: RAM / UFRGS, 2007.
VELHO, O. A conquista da autonomia. Carta Capital, São Paulo, n. 425, p. 25-27, 27 dez. 2006.
Descargas
Publicado
Número
Sección
Licencia
Derechos de autor 2009 Francinei Bentes Tavares

Esta obra está bajo una licencia internacional Creative Commons Atribución 4.0.
- Los autores conservan los derechos de autor y otorgan a la revista el derecho a la primera publicación, con el trabajo licenciado simultáneamente bajo la Licencia Creative Commons (CC BY 4.0) que permite compartir el trabajo con reconocimiento de autoría y publicación inicial en esta revista.
- Se permite y se alienta a los autores a publicar y distribuir su trabajo en línea (por ejemplo, en repositorios institucionales o en su página personal) en cualquier momento antes o durante el proceso editorial, ya que esto puede generar cambios productivos, así como aumentar el impacto y cita del trabajo publicado.
- Los autores pueden hacer acuerdos contractuales independientes y adicionales para la distribución no exclusiva de la versión del artículo publicado en esta revista (por ejemplo, incluirlo en un repositorio institucional o publicarlo en un libro) siempre mostrando que el trabajo se publicó primero en Revista IDeAS.