“Que eu saiba, água não faz monte”: perspectivas em conflito no processo de implementação da UHE Cachoeira no rio Parnaíba (PI/MA)
Palabras clave:
Hidrelétrica Boa Esperança, Piauí, Maranhão, comunidades atingidas, relações de poder, vilas da MangaResumen
O presente trabalho lança alguns apontamentos sobre as diferentes perspectivas de desenvolvimento, conservação e manejo ambientais e direitos territoriais identificados nos discursos dos atores envolvidos em um projeto de implementa- ção da Usina Hidrelétrica Cachoeira, no rio Parnaíba (PI/MA). A partir do estudo de caso de dois povoados ribeirinhos a serem atingidos pelo empreendimento, as vilas da Manga do Piauí e da Manga do Maranhão, é possível identificar alguns dos pressupostos que sustentam e legitimam esse tipo de intervenção, a despeito da insatisfação de comunidades atingidas e do reconhecimento dos impactos socioambientais. As vilas da Manga são dois antigos povoados agrícolas frontalmente assentados às margens do rio Parnaíba, divisa dos estados do Piauí e Maranhão. Esta especificidade geográfica enseja a origem comum dos povoados e o intenso contato e identificação entre suas margens, o que confere ao Parnaíba a dupla condição de elo e fronteira entre suas populações “beiradeiras”. Considerando as vilas da Manga com um lócus privilegiado de análise, é possível compreender alguns dos mecanismos de resistência daqueles que poderão ser atingidos, bem como de assimilação do discurso propalado pelos empreendedores do complexo hidrelétrico pela população local, e desvelar as relações de poder subjacentes às suas reações e expectativas.
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