“Que eu saiba, água não faz monte”: perspectivas em conflito no processo de implementação da UHE Cachoeira no rio Parnaíba (PI/MA)
Palavras-chave:
Hidrelétrica Boa Esperança, Piauí, Maranhão, comunidades atingidas, relações de poder, vilas da MangaResumo
O presente trabalho lança alguns apontamentos sobre as diferentes perspectivas de desenvolvimento, conservação e manejo ambientais e direitos territoriais identificados nos discursos dos atores envolvidos em um projeto de implementa- ção da Usina Hidrelétrica Cachoeira, no rio Parnaíba (PI/MA). A partir do estudo de caso de dois povoados ribeirinhos a serem atingidos pelo empreendimento, as vilas da Manga do Piauí e da Manga do Maranhão, é possível identificar alguns dos pressupostos que sustentam e legitimam esse tipo de intervenção, a despeito da insatisfação de comunidades atingidas e do reconhecimento dos impactos socioambientais. As vilas da Manga são dois antigos povoados agrícolas frontalmente assentados às margens do rio Parnaíba, divisa dos estados do Piauí e Maranhão. Esta especificidade geográfica enseja a origem comum dos povoados e o intenso contato e identificação entre suas margens, o que confere ao Parnaíba a dupla condição de elo e fronteira entre suas populações “beiradeiras”. Considerando as vilas da Manga com um lócus privilegiado de análise, é possível compreender alguns dos mecanismos de resistência daqueles que poderão ser atingidos, bem como de assimilação do discurso propalado pelos empreendedores do complexo hidrelétrico pela população local, e desvelar as relações de poder subjacentes às suas reações e expectativas.
Downloads
Referências
ALIER, Joan Martínez. O Ecologismo dos Pobres. São Paulo: Contexto, 2007.
ACSERALD, Henri. Apresentação e As práticas espaciais e o campo dos conflitos ambientais. In: Conflitos ambientais no Brasil. Rio de Janeiro: Fundação Heinrich Böll, 2004.
ACSERALD, Henri. Apresentação e Mapeamentos, identidades e territórios. In: ACSERALD, Henri (org.) Cartografia social e dinâmicas territoriais: marcos para o debate. Rio de Janeiro: IPPUR/UFRJ, 2010.
ARCE, Alberto. “Qué es lo social en los estudios ambientales?”. In: Go-bernabilidad ambiental y desarrollo sostenible en Petén – memoria III Encuentro sobre desarrollo sostenible en Petén, 2007.
BIDASECA, Karina. La diferencia colonial, el pluralismo jurídico y los derechos humanos. In: BIDASECA, Karina. Perturbando el texto colonial: Los estudios (pos) coloniales en América Latina. SB, Buenos Aires, 2010.
BOEGE, Eckart. Introducción, De la conservación de facto a la conservación in situ e Regiones, territorio, lenguas y cultura de los pueblos indígenas. In: BOEGE, Eckart. El patrimonio biocultural de los pueblos indígenas de México: Hacia la conservación in situ de la biodiversidad y agrodiversidad en los territorios indígenas. Instituto Nacional de Antropología e Historia; Comisión Nacional para el Desarrollo de los Pueblos Indígenas (2008).
DIEGUES, A. C. S. O Mito Moderno da Natureza Intocada. São Paulo: Hucitec, 1996.
KOSELLECK, Reinhart. Futuro Passado: contribuição à semântica dos tempos históricos. Rio de Janeiro: Contraponto, 2006. LÉVI-STRAUSS, Claude. A ciência do concreto. In: KOSELLECK, Reinhart. O pensamento selvagem. São Paulo: Companhia Editora Nacional,1976a.
KOSELLECK, Reinhart. As descontinuidades culturais e o desenvolvimento econômico. In: KOSELLECK, Reinhart. Antropologia Estrutural II. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1976b.
MEYER, Doris Rinaldi. A terra do santo e o mundo dos engenhos – Estudo de uma comunidade rural nordestina. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979.
MOREIRA, Roberto José. Identidades complexas no conhecimento científico sobre comunidades costeiras. In: AMODEO, N.B.P. e ALIMONDA, Hector. Ruralidades, capacitação e desenvolvimento. Viçosa: Ed. UFV, 2006.
SILVA, Inaura Maria de Almeida. História do município de Barão de Grajaú. Teresina: Ed. UFPI, 1992.
SOUSA, M. Sueli e WADDINGTON, May. Cinco Barragens no Parnaíba e as Populações Quilombolas e Agricultores Tradicionais no Piauí. Anais da X Reunião Antropologia do Mercosul, Curitiba, 2011.
VAINER, Carlos Bernardo. Conceito de “atingido”: uma revisão do debate. In: ROTHMAN, Franklin Daniel. Vidas Alagadas – Conflitos Socioambientais, Licenciamento e Barragens. Viçosa: Ed. UFV, 2008.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
- Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons (CC BY 4.0) que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado.
- Autores(as) podem realizar acordos contratuais independentes e adicionais para a distribuição não exclusiva da versão do artigo publicado nesta revista (por exemplo, incluí-lo em um repositório institucional ou publicá-lo em um livro) sempre evidenciando que o trabalho foi publicado primeiramente na Revista IDeAS.